terça-feira, 29 de janeiro de 2008




Pertenço à linhagem miserável dos homens que são infelizes por natureza, e que transformam tudo em nada, e que fazem planos e não acreditam. Sou da mesma raça daqueles que fecham os olhos e, nas imagens das lembranças de suas cabeças, está tudo embaciado, emoldurado por uma visão negra e, em cima de tudo isso, está a Morte, com sua cara de espantalho de osso de cabeça de boi, com ambas as palmas voltadas para baixo na ponta de seus braços abertos, como se fosse um Cristo Redentor ao contrário.

(setembro de 2003)

Um comentário:

Anônimo disse...

O melhor desenho até aqui. Pela leveza do sorriso da mulher, pelo olhar escafandrista do feto, pelo cordão mal trançado. Por todos os traços se unindo irremediavelmente à um centro, é o desenho mais vivo.
O desenho que não se concebe sem dor.